A nova medida de estímulo ao crédito anunciada na quarta-feira (15) pelo Banco Central deve beneficiar, principalmente, empresas de menor porte.
A instituição anunciou ontem a terceira mudança na regra para liberação de depósitos compulsórios em menos de dois meses. Desta vez, a medida visa estimular a modalidade capital de giro para empresas.
O mecanismo para isso é o mesmo já anunciado em julho e agosto, a mudança na regra dos depósitos compulsórios a prazo, dinheiro captado pelas instituições financeiras com CDBs, por exemplo, que fica retido no BC.
Em julho, foram liberados R$ 30 bilhões para financiamentos automotivos e compra de carteiras de crédito. Em agosto, foram mais R$ 10 bilhões em compulsórios para essas finalidades e também para compra de letras financeiras.
Agora, foram incluídos na lista de operações para destinação desses mesmos R$ 40 bilhões empréstimos de capital de giro.
A medida, nesse caso, vale a partir de 27 de outubro e deve ajudar as empresas a obter recursos para financiar despesas de fim de ano.
Para liberar o dinheiro, no entanto, o banco deve aumentar os empréstimos em relação ao realizado no primeiro semestre deste ano.
OXIGÊNIO PARA EMPRESAS
O capital de giro é uma das principais linhas para crédito à pessoa jurídica. As concessões dessa modalidade caíram 16% no primeiro semestre.
"Dois setores que estão bem afetados pelo desaquecimento da economia é a cadeia automotiva e as empresas de menor porte. O BC está tentando agora fazer com que os bancos abram as torneiras para esse último segmento em particular", afirmou Luís Miguel Santacreu, da agência classificadora de risco Austin Rating.
"O capital de giro é o oxigênio dessas empresas. Se elas tiverem dificuldade para rolar dívida ou para compra de estoque, isso pode gerar desemprego e inadimplência."
Santacreu disse que a demanda por essa linha deve aumentar neste fim de ano, mas que os bancos continuam seletivos nas concessões, principalmente em um segmento em que a inadimplência é mais alta que a média.
O percentual de atrasos nessa linha está hoje em 4,1%, maior valor em três anos e meio, segundo o BC.
Fonte: Folha de S. Paulo
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