Segmento corresponde a 7,5% do total das exportações do País. Para especialistas, Brasil precisa estabelecer uma política de comércio internacional para resolver gargalos.

O presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, ao citar dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), diz que as 971 grandes companhias brasileiras que exportaram mais de US$ 10 milhões, até julho deste ano, correspondem a 92,5% do total das vendas externas do País.

Enquanto isso, as outras cerca de 20 mil empresas - entre pequenas, médias e grandes - que exportaram menos de US$ 10 milhões, correspondem a 7,5% do total das vendas externas.

O professor de comércio exterior das Faculdades Integradas Rio Branco, Carlos Stempniewski, afirma que, pela própria pauta de exportação brasileira composta, em sua maioria, por produtos básicos, é normal que as grandes empresas operem a maior parte das vendas.

 "A maioria dos produtos exportados pelo Brasil são soja, café, minério de ferro, carnes. Esses itens compõem mais de 90% da nossa pauta", diz Stempniewski. "Portanto, sobra um segmento muito grande de pequenos e médios empresários que não têm acesso ao mercado de exportação", complementa.

O professor ressalta o fato de que as pequenas e médias empresas (PMEs) exportam, em sua maioria, produtos manufaturados e que esse segmento ainda não tem uma política bem estruturada pelo governo.

 "Geralmente, as PMEs atuam em segmentos diferenciados. São pequenas confecções, empresas que produzem artesanatos, produtos decorativos, vestuários. Essas conseguem ter um mercado interessante lá fora", diz o professor da Rio Branco.

Barreiras

Os especialistas comentam que as maiores dificuldades dos pequenos e médios empresários para exportar estão relacionadas com gargalos antigos do Brasil, que afetam também as grandes.

Castro e Stempniewski afirmam que o País ainda não estabeleceu uma política de comércio internacional.

"É preciso reforma tributária e investimento maciço em infraestrutura. Além disso, hoje não temos um órgão que controlem, efetivamente, o comercio exterior. Temos 17 órgãos públicos que atuam no setor, de forma isolada. Isso gera insegurança", diz Castro.

 O presidente da AEB cita também o câmbio atualmente controlado pelo governo, que tem sido desfavorável à exportação do País. "No entanto, corrigir a taxa de câmbio é uma solução temporária. Não resolve o problema da competitividade", diz Castro.

"O câmbio teria que subir para ajudar as exportações. Mas, se hoje isso ocorrer, a correção da defasagem dos preços dos combustíveis, em relação ao mercado internacional, por exemplo, seria enorme, mais de 30%", diz Stempniewski.

Caminhos

O professor da Rio Branco afirma que os pequenos e médios empreendedores que desejam exportar devem procurar um bom despachante aduaneiro e uma boa consultoria jurídica, já que são muitos os casos de danos aos produtos exportados e o não recebimento dos créditos da operação.

O consultor do Sebrae-SP, Gilberto Campião, comenta que para otimizar seus negócios, o empresário precisa pesquisar e estar disposto a modificar seus produtos de acordo com as demandas do determinado mercado ao qual deseja vender.

"É preciso adequar os produtos, os rótulos para outros idiomas, preparar uma lista de preços para exportação", diz Campião.

"Como o preço brasileiro tem problema de competitividade, o empresário pode investir em produtos com diferenciais, pode ser um diferencial em design, qualidade, entre outros", diz Campião.

O consultor afirma que a forma utilizada pelos empreendedores brasileiros para procurarem seus compradores, além das feiras, são as vitrines virtuais na internet.

Fonte: DCI